quarta-feira, 27 de abril de 2016

Depressão, o "Mal do Século": visão do não-médico

Compartilho uma grande contribuição sobre o Transtorno Depressivo Maior, na ótica de uma pessoa sem formação médica, mas, com sensibilidade suficiente para aprofundar na intimidade humana e mostrar a nós, psiquiatras, que temos que evoluir continuamente enquanto profissionais e, principalmente, enquanto pessoas.

Você é grande, Everaldo!

DEPRESSÃO
― O Mal do Século ―

Everaldo Dantas da Nóbrega


Atualmente a depressão é tida como como o Mal do Século, devido à sua grande incidência junto à população mundial e, também, face às sequelas que provoca, sejam elas passageiras ― não menos dolorosas ― ou permanentes. E mesmo porque ela pode levar seu portador a ações extremas, dentre essas o suicídio.
Isso despertou e conscientizou os principais interessados ― pacientes, familiares, psiquiatras e psicólogos ― da necessidade de se aprofundarem cada vez mais no seu estudo (lendo, assistindo a palestras, buscando informações etc.), procurando, assim, caminhos para o tratamento adequado. É que, conhecendo-a melhor, haverá maiores possibilidades de se combatê-la com mais eficácia, de se atenuar sobremaneira os seus sintomas e até mesmo debelá-los em definitivo, alcançando a cura.
Como o bom professor, o ótimo palestrante e o orador envolvente assim o são por conhecerem em profundidade os temas que abordam, também o paciente da depressão, "mutatis mutandis", só terá êxito no seu tratamento e combate se conhecê-la a fundo. É que, dessa maneira, ele inteirar-se-á de sua gravidade e, portanto, conscientizar-se-á que deverá:

● assumir, sem nenhum preconceito ou medo, que está com tal doença;
● procurar imediatamente, sem vacilo, ajuda junto aos familiares e amigos de confiança;
● ter vontade e se determinar a curar-se;
● procurar os profissionais da área da psiquiatria para prescrição da medicação e da psicologia para a terapia respectiva, de preferência ambos trabalhando em parceria;
● a depressão não pode ser curada a curto prazo;
● os remédios só começam a fazer efeito depois de alguns dias e ter paciência para superar essa realidade;
● seguir à risca as recomendações do médico e do psicólogo;
● tomar a medicação como prescrita e nos horários recomendados pelo médico;
● exercitar-se física e mentalmente;
● alimentar-se bem;
● dormir aproximadamente oito horas diárias, de preferência à noite;
● não ingerir de modo algumas bebidas alcoólicas durante o tratamento;
● ter ocupações e lazer;
● não se isolar e procurar a companhia de familiares e amigos;
● evitar as “quatro paredes” (o quarto) e a cama (ou a rede) ― os maiores aliados da depressão ― nas horas que não forem para o descanso e o sono noturno;
● afastar-se o quanto possível de problemas e de pessoas que os causem com frequência;
● cuidar não só da mente e do corpo, mas também do espírito,


além de adotar outras medidas que possam ser necessárias tomar no curso do tratamento, mas tudo com vontade, perseverança e determinação.
Realmente, sem isso o paciente não consegue êxito parcial muito menos total, vez que a depressão praticamente despersonaliza o paciente e procura enfraquecê-lo física e mentalmente cada vez mais, induzindo-o a não reagir e procurar sempre o falso conforto do isolamento, do quarto e da cama, quando ela, então, se enraíza ainda mais, dificultando sobremaneira a sua cura.
O tratamento da depressão é como a luta entre Davi e Golias, mas, da mesma maneira, usando-se as técnicas apropriadas poder-se-á chegar à vitória contra esse mal que também é conhecido como o Demônio do Meio-Dia, isso em virtude de ser nesse horário que ela, a depressão, se manifesta com mais vigor e intensidade.
Agindo dessa maneira, o paciente e seus familiares vão perceber que, diferentemente do que prega a lenda urbana, a depressão tem cura, sim. E definitiva.

João Pessoa, 22 de abril de 2016

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