sábado, 6 de março de 2010

Essa mania de roer unhas...

     Há alguns dias, um paciente de 12 anos me perguntou o que eu sugeriria para que ele "parasse de roer unhas". Como eu não sabia a resposta, entrei em contato com o Orlando Tanaka (professor de odontologia da PUC-Paraná), que me cedeu um artigo muito bom a respeito do assunto.




Título: Nailbiting, or onychophagia: A special habit
Autores: ORLANDO M. TANAKA et all

Dicas:

1. Uma preparação com sabor amargo não é eficaz e causa maior tensão entre os jovens.
2. Aplicação de azeite de oliva nas unhas: torna-as macias e flexíveis.
3. Uso de curativo oclusivo nas pontas dos dedos / luvas / pijamas que cobrem as mãos e os pés - só devem ser utilizadas com o consentimento e a cooperação do paciente. 
4. Manter as unhas bem aparadas.
5. Para as meninas: fazer as unhas em salão de beleza, ao invés de sua residência
6. Para os meninos: aplicar bandagens em seus dedos, deixando seus amigos acreditarem que está tratando de ferimentos.
7.
Utilizar mordedor de borracha quando houver urgência do hábito ou em situações com aumento da ansiedade (assistindo a filmes, TV, tensões pré-provas). Quando estiver acostumado com o uso do mordedor, deixar uma unha crescer - as unhas dos dedos restantes ficarão "livres" para serem roídas, se o desejo permanecer. Depois, o número de unhas intactas pode ser aumentado gradualmente.
8. Mascar chiclete sem açúcar (se não compulsivamente).
9. Ocupar as mãos com outra atividade, como artesanato ou instrumento musical.
10. Convívio familiar (muitas vezes negligenciado por causa do trabalho e das preocupações do mundo moderno): com maior intimidade da família, as ansiedades e tensões podem ser mais facilmente liberadas.

     O melhor método para lidar com a onifofagia é educar a criança, estimular bons hábitos, desenvolver a percepção consciente e, assim, garantir resultados eficazes, porque nenhuma outra maneira de parar o hábito é mais eficiente, inteligente e satisfatória. 

     Durante o tratamento, a criança deve receber apoio emocional e incentivo. Técnicas de modificação comportamental, reforços positivos e acompanhamentos regulares são aspectos importantes do tratamento, com abordagem multidisciplinar (se necessário) e consentimento da criança.

     Punição, ridicularização, irritação e ameaças não são úteis e, muitas vezes, substituem o hábito de roer unhas por um problema mais sério. A abordagem multidisciplinar deverá centrar-se em esforços para construir a auto-confiança e a auto-estima da criança.

6 comentários:

  1. Beleza. Bom artigo. Enfrentei isto com os meus 2 mais velhos.

    Um abraço.

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  2. Gostei do artigo, eu sofro com isso desde criança... Tenho 24 anos e ainda rou as unhas... muitas pessoas falam que é falta de vergonha da cara, não é isso eu me esforço muito, coloco unha postiça, faço a minha unha no salão, passo esmalte amargo entre outros...
    Mais com muita fé em deus irei deixar este vicio.

    Valeu.

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  3. Acredito que seja bom colocar fita micropore nos dedinhos da criança para dormir com o auxílio dos pais e cuidar por 1 semana ou mais até que a criança esqueça de roer as unhas ou chupar o dedo é difícil mais com zelo e atenção a criança consegue melhorar.

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  4. É uma tentativa válida, mas, o uso de curativo oclusivo nas pontas dos dedos (esparadrapo, como você sugeriu) só deve ser utilizado com o consentimento e a cooperação da criança. Quando o pequeno está dormindo, sugiro a retirada do esparadrapo, devido ao risco de ingestão do mesmo.

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  5. Ola Dr.
    Veja como pode me ajudar...
    Minha filha tem 2 anos e 8 meses
    Esta em processo de desfralde a 3 meses...nunca consegui com sucesso
    mas a escola conseguiu rapidamente
    Ela vai xixi e cocô corretamente na escola, inclusive dorme sem fralda
    Ja em casa, o xixi ate que faz correto, mas cocô somente na roupa
    Nao sei como resolver isso

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    Respostas
    1. Olá.

      Reveja as técnicas utilizadas por você em relação ao desfralde, visto que treinamento inadequado é a principal causa de insucesso.

      Converse com o pediatra de sua criança e com os profissionais da escola; se ela consegue ir bem fora da residência, mas, em casa, não vai bem, sugiro que você leia atentamente a publicação mais recente sobre o tema (http://www.psiquiatriaepediatria.com/2012/12/ensinar-usar-o-penico-e-largar-as.html).

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